Fomos às ruas ver o que a população tem a dizer e encontramos eleitor que não prometeria nada, em protesto. Confira a reportagem

LEONARDO SOARES - GAZETA ONLINE

"Eu prometo melhorias nas áreas de saúde, segurança, educação e transporte público. Prometo também desenvolver a economia e tirar do poder a corrupção e os desmandos que impedem o crescimento da nossa sociedade". Quem nunca ouviu essas e outras palavras durante o período eleitoral? Na TV, no rádio ou no jornal, as campanhas em busca de votos trazem, geralmente, promessas e temas bastante conhecidos da população. E você? Caso se candidatasse a algum cargo político, o que iria dizer para ganhar votos e se eleger? O gazeta online foi ouvir a população para saber o que as pessoas diriam caso fossem candidatas.


O representante comercial Rubens Scabello, 43 anos, teria como foco de campanha a divisão igualitária de investimentos entre os municípios da Grande Vitória. Na opinião do eleitor, alguns municípios acabam ficando menos visados que outros durante as campanhas. "Primeiramente eu não vou agir com demagogia e promessas que a gente não pode cumprir no Estado. Eu prometeria ao meu eleitor que eu iria lutar para ter uma revisão do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para fazer um crescimento igual na Grande Vitória".

Sobre a fala dos candidatos, sobram ideias superficiais e faltam discussões efetivas de problemas do Estado, avalia Rubens. Para ele, candidato deve falar não somente sobre o que está bom, mas também sobre o que está ruim e precisa ser melhorado.

"Eles teriam de ser muito mais incisivos no discurso sobre áreas realmente afetadas no Estado. Viana e Cariacica, por exemplo, estão esquecidas. E não estão sendo contempladas por nenhuma ação e promessa. Viana é presídio. Cariacica é duplicação do Contorno. Só isso?".

Eleição x futebol

O médico Paulo Bonates, 61 anos, compara a política ao futebol. Na opinião do eleitor, a paixão deu lugar ao interesse. Para evitar mentiras e discurso repetitivo, o medico utilizaria o seguinte argumento: "Eu vou tentar sobreviver em um mar de corrupção e de falta de ética. Se eu não conseguir, eu saio do cargo. Isso se eu não for comprado antes".

Para Paulo Bonates, a população tem consciência de que muitas promessas não viram resultados. "O discurso não convence. As pessoas votam por puro fetichismo. Gostam de fulano. E isso não é uma avaliação. Talvez porque tem olho azul, o outro parece o meu pai, o outro me lembra negócios afetivos. A pessoa quando não tem opinião, onde o vento soprar ela vai", criticou.

Mentira não vale

O aposentado Sidney Pereira, 64 anos, afirma: o objetivo é não falar mentira. "As promessas que eles fazem na televisão são todas a mesma coisa. Não altera nada. É tudo a mesma coisa", desabafa. Se fosse concorrer a uma vaga nas próximas eleições, Sidney daria mais importância à questão dos salários baixos no discurso.

"Eu tentaria não falar mentira. É a única coisa que eu sei. A gente só vê mentira e promessa que não pode ser cumprida. Eu já deixaria de antemão que os salários prometidos até hoje, que ainda não foram cumpridos, seriam foco. Eu colocaria isso lá. Pra mim, que se exploda o empresário, mas o salário precisa aumentar", alerta.

Em meio a tantas críticas ao discurso dos candidatos, uma opinião é compartilhada por todos os entrevistados: as falas são repetitivas e os candidatos têm explorado sempre os mesmos temas. Para o desgosto de Sidney Pereira. "Eu simplesmente me recuso a ver horário eleitoral. Vou aos debates pra ver se ao vivo eles falam algo diferente, mas é sempre atoa. Já não assisto há tempos", finaliza.

Será que até o dia 3 de outubro, data das eleições de 2010, algum candidato vai conseguir reverter o quadro e convencer os eleitores acima? O tempo está correndo e a população é exigente.