Quando as Ideias Cedem Lugar ao Ódio de Classe

Eron Bezerra *

O tom da campanha subiu, unilateralmente, todos os decibéis possíveis.



Seria natural e até louvável se tal intensidade estivesse voltada para encontrar soluções de problemas econômicos e sociais que o Brasil ainda enfrenta.



Debater em profundidade a reforma agrária, o fim da agiotagem bancária, a superação das desigualdades regionais, uma agenda especifica para o Nordeste e a Amazônia – reconhecidamente as regiões que menos receberam atenção dos governos tucanos - assim como os investimentos necessários em infra-estrutura, dentre outros, deveria ser o centro das preocupações de quem pretende dirigir um país com a importância e a complexidade econômica do porte do Brasil.



Mas esse debate não foi possível durante toda a campanha por uma simples razão: não interessa a José Serra expor suas idéias sobre temas centrais porque ele sabe perfeitamente da repulsa que o povo expressa contra as suas idéias privatizantes e anti-povo.



Assim, ele prefere mentir. Inventar factóides como da bolinha de papel do rio de janeiro, que se transformou num objetivo “perigoso” indeterminado. Curioso, ninguém questionou até agora que objeto, afinal, atingiu o tucano se não foi a bola de papel?



Mas esses factóides são apenas caricaturas, próprias de uma direita sem qualquer escrúpulo político. O mais grave é quando eles enveredam para a demagogia e a mentira programática, como a tentativa de se apresentarem como “defensores” da Petrobras - que eles passaram todo o governo deles tentando destruir - ou prometendo aumentar despesas públicas com salário mínimo e bolsa famílias que, sabidamente, eles são contra.



Tudo isso, porem, ainda faz parte da caricatura da direita. Como, também, faz parte desses recursos a baixaria generalizada que eles promoveram nessa campanha. Foram da demonização do aborto a tentativa de voltar a idade média com a recriação do estado teocrático, em contraposição ao estado laico preconizado na nossa constituição.



Não satisfeito passaram para a pura e simples agressão em todos os terrenos contra Dilma Roussef. Nem mesmo o mais elementar princípio de boas normas foi levado em conta por Serra.



Seu vale tudo, porem, parece que não surtiu efeito e as urnas lhe esperam para dizer que o povo está cansado de baixarias e, principalmente, de falta de compromisso com a real solução de seus problemas.



Dia 31 será um dia de festas para o nosso povo, para o povo brasileiro, e certamente de tristeza para os banqueiros americanos de Wall Street.









* Engenheiro Agrônomo, Professor da UFAM, Deputado Estadual, Membro do CC do PCdoB, Secretário Nacional da Questão Amazônica e Indígena.

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1 comentários:

Della Coelho disse...

Marivan.discordamos em muitos pontos, vc sabe disso. Mas uma coisa concordamos, meu amigo, concordo plenamente que o momento não deva ser de ódio mas de preocupação com o futuro deste país. Sabe, de verdade quero mesmo estar errada diante do Pt se a Dilma ganhar.Mas não vim aqui falar de nossas divergentes mas pra dizer que estou contigo, o momento precisa de pessoas que se preocupem em cuidar do povo seja que tamanho ele tenha rsrsr e , mesmo o estado sendo laico, eu não sou e tenho pedido e tenho fé de que será feito o melhor pra esta bela nação. Grande abraço!

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