A quem serve o aborto clandestino


Aborto é uma ação dura, dramática e dolorosa. Quem já passou por ele sabe. Aborto não é nada que alguém faça de manhã e saia dançando à noite. Aliás, muitos anos atrás, uma amiga fez justamente isto: Um aborto pela manhã e saiu para dançar à noite. O que poderia parecer um descaso com o ato em si revelou-se um ato de sofrimento e culpa poucas vezes tão extremado: Quem a conhecia entendeu seu desespero, que terminou em hemorragia tão forte que nem mesmo a hospitalização horas depois foi capaz de salvar-lhe a vida.
A culpa desta menina (18 anos) de, primeiro ter engravidado, depois ter abortado, sem o mínimo acompanhamento do par responsável pela gravidez,  lhe custou a vida. O homem pai do feto abortado sequer é lembrado pela troupe que abomina a mulher que interrompe a gravidez. Afinal, a quem serve a proibição do aborto? Não será aos médicos e suas clínicas bem equipadas, com anestesistas, enfermeiros, boas instalações? Aos bancos, financeiras ou agiotas que emprestam dinheiro para que os abortos não dependam de talos de mamona, agulhas de tricô ou canos de borracha enrolados em grampos de cabelo?
Agora, como arma ideológica, um batalhão de autodeclarados católicos que só pisam em igrejas para casamentos e batizados, se declaram escandalizados com a possibilidade de uma candidata ser favorável à descriminalização do aborto.
Quem, aliás, regulamentou o aborto no SUS foi o candidato do PSDB, e o fez acertadamente.
Aborto não é agradável, não é bom, não é método contraceptivo. Aborto deixa sequelas, dói, machuca. Mas não tem nada das guampas demoníacas, não é responsabilidade única da mulher, não é método contraceptivo.
É um assunto doloroso até para soletrar. Mas não tem que servir como arma-baixaria para a direita envolver e desmoralizar a candidata que em nenhum momento propôs o aborto com solução para controle de natalidade.
Aborto é a última solução. Aborto não é o programa de Dilma para as mulheres brasileiras. Denúncia de aborto é só mais uma baixaria da direita inconformada com a vitória das forças populares. Porque certamente a maior parte destes que hoje denunciam Dilma como cruel exterminadora de criancinhas antes nunca se preocuparam com as milhares de crianças brasileiras que morreram ao nascer, ou antes de completar um ano, de desnutrição, de falta de saneamento, de falta de atendimento médico. Aliás, quantos deles e delas já usaram as luxuosas clínicas ginecológicas para descartarem gestações indesejáveis e agora mudaram de idéia? Só poderiam dizer os médicos que se dedicam a este trabalho. Mas estes e suas clientes jamais nos dariam seus índices. Eles preferem manter a ilegalidade do aborto e criar lendas sobre Dilma, porque certamente com Serra suas identidades continuarão preservadas.

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2 comentários:

Raimundo Lourenço disse...

Eu sou contrario ao aborto! Mas, não sou ingenuo de acreditar que essa pratica não existe. E não será tapando os olhos, fazendo de conta que não acontece que se resolverá o problema.
Não é justo que muitas mulheres continuem morrendo por culpa da hipocresia de alguns que se acreditam santos.

Francisco Amado disse...

Uma coisa que eu nunca entendi é porque fazer o aborto?
Porque não usou camisinha?
Porque não tomou pirula?
Porque não se programou na tabelinha?
Já fui jovem e já fiz coisas que se minha familia soubese ficaria escandalizada.
Sou casado com minha namorada desdos 18 anos de idade ela tinha 19.
E até hoje não temos filhos.
Porque onde um não quer dois não brigam.
Sou a favor do aborto quando tem risco para a vida da mãe

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